quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Coqueiros

Transitava inerte pela rodovia sem fim, a luz da lua batia num lado qualquer do meu rosto e minha mão levantava e abaixava tocando o vidro procurando um calor qualquer naquela luz gélida. Habitualmente eu me encostava no vidro e dormia até que eu chegasse em meu refugio feliz e visse que ele estava realmente ali, mas as coisas fluem mais quando se tem uma noite de lua cheia e um monte de coisas pra pensar.
Pensava em como ter uma conexão fixa entre um sonho de tempos atrás e o presente momento indeciso e indecifrável, buscava uma maneira surreal - enquanto observava as árvores passarem - de como ter novamente aquela sensação que um dia me deixou com um sentimento de metade-inteira. Queria que aquela luz me ajudasse. De certo modo tudo na minha vida se resolvera com o tempo, não posso negar que ainda existam ataques-de-nostalgia, pois é o que mais tenho, mas mesmo assim ainda consigo respirar algo resolvido preteritamente dentro de mim.
Sentado aos poucos consegui forjar o que eu queria sentir, foram uns segundos de exatidão, mas depois tudo passou e comecei a sentir um vento que cortava em meu rosto e me levava a acreditar que tudo passara realmente. Disperso ao chegar e caminhar na rua, fiquei feliz em perceber o que estava na minha frente: minha própria sombra vinha antes de mim...


então eu tinha mais razões para sentir a lua nua e fria.
Então era o fim...



e eu morri .

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

;

Daí penso em coisas bobas, de como fui me perder num olhar tão estranho, ou como fui perder minhas fotos, textos e músicas preferidas.
Daí penso coisas bobas, de como fui perder um pedaço da minha história. Vejo o meio, nem sim e nem não. Talvez, mas não me contento.
Meio do meu coração, metade do que sinto, inteiro do que penso, inteiro do que se perde.

mnar

terça-feira, 22 de setembro de 2009

yo; tu

Usa-se sem sonho, o que vem a caminhar nas noites escuras é o escuro, é o nada mostrando quem manda ou o que o futuro determinará. Imenso, indecifrável e supostamente perigoso.
Fala-se do ballet, eu vejo sonhos, não mais sonho nessa noite mas minha imaginação sonha com qualquer coisa que prese para prender-se na memória e esperança.
Seguro que mesmo depois vai chorar .

yo.

Quando leio coisas dos outros parece que eu absorvo certa particularidade, eu tenho medo de ler as coisas que meus amigos escrevem e passar a absorver isso demais, talvez acabo perdendo-me no que eles escrevem do que no que eu penso.
Esses dias de sol nublado e pôr de sol escondidos tem sido consideráveis, não consigo ler nada, minha mente trava e só pensa no amanhã. E pior é pensar que esse amanhã que tem um nome.
Pois pra mim ler certos autores deram-me uma particularidade, isso é fato, um jeito deslechado e relaxado de escrever e pensar, mas não ordinário, nada a algo comum.
Observar calado, não, observar questionando .



Não, não sou influenciado, palavra nova é absorver.

domingo, 20 de setembro de 2009

antes era legal

Correr pra bem longe e chegar a lugar nenhum, olhar pra trás e sorrir, olhar um pra cara do outro e sorrir mais ainda. No fim um beijo.
As ruas eram molhadas naquele tempo de fevereiro, eu tinha medo e você era meu único suporte entre o amor e o restante de vida, era bonito de se ver. Existia um abraço que cobria o mundo, mas só eu estava dentro dele, você foi esse mundo na verdade.
Na noite de fevereiro me mostrou um espelho quebrado, era sua causa, eu me vi e não pensei que um dia o espelho quebrado seria eu, estava tudo refletido. Mais tarde era só trocar e tentar esquecer... Não, eu continuo.
Difícil entender cada segundo que ainda tenho pra dizer algo que ainda não disse ter sentido, qualquer maneira que valha não uma volta, mas uma conversa com um abraço.
O fim do segundo final foi um beijo roubado e odiado, eu amava, mas também perdoava, aprendi com uma dor confinada essa tal faceta de perdoar e perdoar-se. É fácil quando na maioria das vezes se sente algo maior, isso é fato, hoje é, antes não.
antes era legal tentar realizar, e hoje?
é necessidade de cura .


amor, nada mais.

Eram noites,

esperava ansioso por qualquer razão vaga de qualquer coisa que me acordasse pra dizer um 'oi' ou até mesmo 'tudo bem'.
razão vaga de um dia partir e esperar, e ver que cada dia que passa mais aumenta qualquer coisa, também, de bom que existe dentro de você.
Qualquer partida e ruptura de um cordão é válida. Ruptura no tempo certo, aos poucos, ou algo bruto como um aborto.
Um dia as folhas caem, mas quando arrancamos, saem-lhe o sangue.

Foi na hora errada...

domingo, 13 de setembro de 2009

...

Não devia estar escrevendo, porque não se tem motivo pra isso. Faz o seguinte meu caro, escreve, rabisca, enche tudo com um nome de coisa inutil, mas depois não venha ler, é melhor assim.
Como quando se transa no escuro, escreve-se com tudo e se sente mais. Mas e na luz? Há como prever, mas ouso em imaginar tal faceta, tal vergonha, passa-se mal.
Fecha os olhos e tudo roda a seu redor, é bom pensar em tudo de uma vez e chorar quando tocam a sua música e a dele. Espera-se o bem.

Espera-se o bem.

sábado, 12 de setembro de 2009

sombras.

Espero que nunca alguém tenha pensado em falecer, nunca falecer, mas sim morrer. Falecer soa como uma coisa arrastada, continua e sofrida, é difícil se falecer hoje em dia, falecer seria como envelhecer cada dia que passa. Não se mais contam os dias em que a pessoa viveu, mas quantos dias ainda faltam para ela morrer. Um dia a menos.
Morrer é efêmero, todos dias, essa efemeridade é positiva, rápida, nem se vê e talvez não se sente. Da mesma forma que um dia já dizemos que queríamos morrer, foi efêmero.
Estranho pensar em morte ou envelhecer quando se está são. Bebidas me atrairiam a dizer sobre isso, mas é o tempo.



'Deixo a vida como deixo o tédio'

Álvares de Azevedo

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pedaços.

Talvez você estivesse lá,

Era de algo que eu precisava, um dia eu ainda andei rua a dentro, caia uma chuva fina e fria nos meus lábios, eu olhava pra cima e via os postes com uns riscos a cortar sua luz. Eu andava.

Importava-me chegar a qualquer lugar, talvez você estivesse lá me esperando pra seguirmos juntos debaixo da chuva. Seria bonito um casal numa noite escura e húmida.

São os dias cinzas, sempre foram. É mais fácil quando se tem alguém por perto.

Sonhei que juntava bloquinhos de lego pra formar um muro, mas depois virou uma casa. Tinha grama verde, teve homens andando nela.

Isso é nostalgia.


Lembrei por uns instantes das minhas vidas de infância. Era sempre mais de uma. Uma vida de infância pode se tratar de uma história mal contada e mal contada sem vontade. Espera-se o completo em histórias da minha infância. Mas uma apenas basta.

O que mais valia era cor que se tinha, e o brinquedo que se brincava. Nunca fui nessas coisas de grupo, eu queria mandar, isso era certo. Mas nenhum me seguia, preferência não era algo que tinham por mim, talvez fosse ânsia de tentar algo superior. Minha criancice se resumia a assistir desenhos de que hoje as crianças não assistem mais. E contar história pra mim mesmo durante uma tarde toda. Era fácil imaginar coisas malucas durante a noite, e se remoer de remorso infantil das coisas inúteis que eu pensava.

Alefante”, assim eu queria que fosse. Lembro da época de cheiro de terra molhada e coelhos correndo nos campos, eu fui feliz por saber o que isso significava pra mim, feliz também ao fazer uma pipa que levantava voo e logo caia.

Um dia eu aprendi coisas muito úteis, mas creio que esqueci completamente.

O natal não tinha vida, não me motivava a pensar que um velho que não sei da onde, que nem eu conheço direito, viesse de um lugar tão longe pra satisfazer meus desejos tão infantis. Natal era um tapete vermelho e torcer, para qualquer primo seu levá-lo pra ver vitrinas e luzes que piscam sem parar.

Mas tinha hora que as coisas paravam, tudo apaga algum dia. Eu queria contar o que fosse verdadeiro, mas e o tempo?

Um dia eu escutei as gotas caindo, esperei por vontade ou sem vontade, mas ainda não morri. Deve ser por isso que ainda lembro de pouca coisa que me retêm em tudo. Depois que se cresce as coisas mudam.

Vem choro, vem noites que não se dorme, vem coisas que não sentia. Era bom ter um amor, mas um belo dia a gente sorri pra ele e depois o mata. Fim. É bom também ter desespero em tudo, de pensar, amar, chorar, ficar longe, a gente se liberta e se assegura.


Tinha uma espera significativa que um dia as coisas certas chegariam, é bom saber que pode-se criar laços na cabeça e histórias que ninguém pode ver, ou se quer imaginar igual. Um dia houve Lucas, outro dia Mateus, João, Victor, outros e se chega em Giovani, não esquecemos do Bruno, cada um tinha um dia, um espaço, uma hora na mente.

As vezes nas manhãs e noite se tem o choro.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

vista

Era melhor ter a certeza de que nunca ia voltar do que aquela ponta de esperança que acabaria com ele em um tempo delimitada-mente ordinário.
Alguns tinham pressa, mas não podia mentir pra si mesmo, aquilo demora, ainda mais quando se está perto do impossível-possível. Nada mais alimenta, tudo ainda é empurrado sem certeza alguma pela barriga.
Deixou de ser certeza e passou a ser necessidade, tanta necessidade que se fala hoje. Necessário de nada, e vazio de tudo que existia por perto.
Talvez uma música mais calma, tarde.

Medo.