sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Dois anos que eu lembro ter vivido .

Naquela noite de outubro eu não esperava nada, apenas corria para casa em um estado de graça, sem pudor, com um gosto de beijo não dado na boca que me era a coisa mais intensa que eu havia começado a sentir. As estrelas me olhavam lá de cima, eu agradecia a cada poeira no caminho por aquele pedido tão estranho, que nunca tinham feito, assim, na minha frente. Eu ria da cara de minha mãe que estava transtornada com aquilo tudo, e ainda mais das palavras que meu irmão balbuciava e que me deixaram em êxtase supremo.
Pela primeira vez eu corria pelas ruas com desejo, peguei de súbito o telefone e liguei pra uma amiga e contei tudo, cada detalhe, cada palavra. A feição de ver de longe alguém que te queria, e a sensação de dizerem o contrario do que você transparecia. Fiquei horas falando sobre isso. Nunca dormi tão contente esperando por um novo dia como naquela noite.
Fui embora olhando para trás, esperando que ele me seguisse por essas ruas tontas com sua garrafa na mão a me agarrar, eu esperava, por mais vulgar que seja, que ele me encontrasse e me arrancasse uma vez o coração e deixasse mais do que um simples beijo...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

So this is christmas, and what have you done ♪

'Então é Natal e o que você tem feito?'
Essa música de John Lennon tem me batido na cabeça por toda essa semana depois que li uma matéria na revista Veja que dizia que as pessoas ficam mais depressivas, e coisas do tipo, nessa época do ano e o que você deveria fazer para amenizar esse sofrimento e até mesmo reconciliar com pessoas distantes. Mas o mais fantástico de tudo foi mesmo eu pensar por alguns segundos, por toda essa semana, o que eu fiz, e perguntar às outras pessoas o que elas fizeram.
Sei que não fiz muitas coisas notáveis por meus tempos de chances partidas ou minha falta de sanidade, mas sempre que eu pude fiz coisas, que pra mim foram essenciais. Pensar na vida de um modo diferente, construir pontes ao invés de muros altos, como as pessoas hoje tem feito, e começar a ser feliz pacificamente.
Foi um ano de muitas conquistas, muitos gritos, choros, medos, alegrias, sofrimentos e um ano de muitos sorrisos. Posso dizer que o que eu tenho feito, apesar de tudo, é sorrir, cada vez mais e maior, e sentir não mais nostalgia, mas a euforia de ter comigo as pessoas que mais me amam e as de que preciso.
Entre cortes, feridas, despedidas, beijos, corações, amores, paixões, famílias, amigos, cartas, letras, palavras, frases, livros, felicidades clandestinas, encontros inventados, escolas, falta de tempo, banhos, diversões, choros, velas, músicas... Eu tenho comigo o que é de melhor - a gente tem crescido.

A qualquer distância

- Mas você sabe o que isso quer dizer, né?!
- Não sei, não tenho muita certeza das coisas que eu acabei de ouvir. Queria estar longe agora, na verdade queria estar perdido...
- Mas perdido, assim, dentro de você?
- Não sei, me dá um abraço e depois me diz que aquilo tudo não passou de um sonho...
-Okay, um mero sonho e eu chorei, acreditei em tudo. Mas por favor não deixa isso tudo se perder, virar poeira nesse noite escura sem estrelas. Espere pelo menos a nossa lua chegar, aquilo é tão real.
- Não posso, preciso negar tudo, tudo mesmo [...]

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

But .

Uma garrafa, nada mais, ali te esperando, chamando seu nome e a dizer que é preciso beijá-la engolir tudo e depois pestanejar o que ela diz, o que pensa, beber-lhe a alma líquida que voraz te domina. A garrafa que faz-te chorar, sorrir, brincar, brigar, que te tira a vida, que te desmancha por dentro e consola o amor.
Existe dias, noites, tardes. Você passa a pular o tempo e a não contar...

"Por que empalideces, Solfiere? A vida é assim. Tu o sabes como eu o sei. O que é o homem? É a escuma que ferve hoje na torrente e amanhã desmaia alguma coisa de louco e movediço como a vaga, de fatal como o sepulcro! O que é a existência? Na mocidade é o caleidoscópio das ilusões, vive-se então a seiva do futuro, Depois envelhecemos quando chegamos aos trinta anos e o suar das agonias nos grisalhos cabelos antes do tempo e murcharam, como nossas faces, as nossas esperanças oscilamos entre o passado visionário e este amanhã do velho, gelado e ermo despido como um cadáver que se banha antes de dar a sepultura! miséria! loucura!"





But why should I for others groan, when none will sigh for me?
Childe Harold, I.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A saudade

Olhar a estrada, sentir o fosco de terra molhada entrando em seus pulmões. Qualquer aventura já alimenta um coração que bate e sangra se apertado demais. Existem coelhos a correr e pássaros a voar durante uma longa noite, existe ainda mais na sua cabeça tonta de tanto inventar encontros.
Suor, lágrima, sorriso,vento, qualquer alegria já basta. E o perfume que não acaba.

O desejo você engole, no fim dá certo.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Date: Thu, 23 Oct 2008 00:31:05 -0200

Não sei se serei visto como um idiota dizendo o que eu estou sentindo aqui dentro, me arriscarei ao máximo e não deixarei isso simplesmente passar, não farei força pra esquecer.
O que eu posso dizer além do sorriso mais lindo que já vi até hoje? Que essa maneira real de ser me conquistou realmente e que tudo que eu prezo agora é esse sentimento. Não sei o que está acontecendo, as coisas passaram a acontecer cada vez mais dentro de mim, mas sei que não é um erro.
Estou precipitando demais, talvez sim, talvez não, mas no fim tudo vale a pena, né ?!
Confesso que não esperava esse sentimento de sofrimento agonizante dentro de mim, e que minha intenção não era amar dessa maneira, quero ser claro, mas nem um pouco objectivo... Queria deixar as coisas rolarem, estava tudo bom quando comecei a te conhecer.
Sinto sua falta, não sei por que, mas a cada instante que passa sinto mais a sua falta, a falta de uma palavra sua, a falta de ter você do outro lado da tela, a falta de um simples "Boa Noite" que sempre me dizia e que me fazia tremer por dentro. Saudade estranha, mas é coisa do coração.
Desculpa, mas estou amando você...
Você faz minhas noites em claro, você que me faz sorrir o resto do dia, é por você que eu rezo toda noite antes de dormir e peço que o tempo passe depressa, pra que eu possa te encontrar. É difícil explicar os sonhos que eu tenho, as sensações de harmonia que você me trás e tudo que eu escrevo pra essa solidão passar.
Desculpa, espero que não tenha se assustado com tudo isso que eu escrevi pra ti, e também espero que não se afaste de mim por tudo isso que eu estou sentindo...


De seu maior admirador:
Alessandro Ribeiro

Gonna be okay

Não, é apenas um objeto. Aquilo que corre, deita e chora por ti, aquilo que quer ter o mínimo carinho em vida possível para guardar por toda essa eternidade frágil.
Ainda sente o cheiro, o beijo de cada lábio dado, cada noite encostado acariciando o rosto e um sorriso. E de repente espera mais, mais que um beijo dentro de um carro em movimento nos movimentando para a perdição, mais nada. Cada carícia um calafrio, cada vez um torpor, cada toque a sensação que vai perdurar, mas que também vai se perder como pó algum dia, alguma hora - essa noite.
Apenas objeto, que está ali parando enquanto acaricia outros, tenta beijar outros, fala com outros e despreza. Corre, grita, vai no banheiro e chora. E finjo satisfação.
Sorri, senta na sacada, pensa que tem história e diz que no começo estavam felizes, antes da festa começar, mas que depois por alguma razão isso se foi.
"E você que queria tanto...".

Nada de romances, que isso fique bem claro, mas quero você por lá.

Vai pra casa, faz tudo o que não devia fazer e volta para o lugar de onde não devia ter ido. Procura, grita, corre, vai e depois volta. Decide como num passe de mágica o que é melhor, porém vai doer, vai contrair, vai se esmagar como um aborto dentro de você mesmo. Aquela coisa vomitada.
E aceito todos os cigarros, as bebidas, as drogas, os telefonemas dos amados, dos amantes, dos amigos, dos apenas-sexo, tudo mesmo. Exerço meus mais sórdidos limites só para ver aquele olho que não me sorri, aquela boca que não me quer, aquele corpo que me abraça, que me coloca em tentação e depois recua. - Só quero estar perto em estado de admiração...

No fim só é cada vez mais preciso aquele que te beija,
que te afaga,
que te chora,
que te grita,
que te despreza

e de que não te ama.

domingo, 13 de dezembro de 2009

15/12/2009

E é de extrema essência que as coisas fluem como sempre fluíram. Quando aos poucos meus aniversários deixaram de ser uma coisa feliz e se voltaram para a penúria de um dia normal, apenas.
Preciso - exatamente preciso - de tudo aquilo que me retém de uma forma tão inteira e interna que me causa um estado de fascinação, um estado de êxtase, e é algo vivo, e por não estar morto, se remexe dentro de mim até que me faz sentir dor, e dói. Até que me faz sentir alegria, e sorri.
Mas não por assim dizer, os fins de tarde são os mesmos, os ventos que tocam na minha boca são os mesmos, o que muda apenas é aqui dentro, os sonhos. Inquieto e desesperado como se fosse me acabar naquela perdição, sonho.

Nada mais...





Anotações sobre um Amor Urbano

'Desculpa, digo, mas se eu não tocar você agora vou perder toda a naturalidade, não conseguirei dizer mais nada, não tenho culpa, estou apenas sentindo sem controle, não me entenda mal, não me entenda bem, é só essa vontade quase simples de estender o braço pra tocar você, faz tempo demais que estamos aqui parados conversando nessa janela, já dissemos tudo o que pode ser dito entre duas pessoas que estão tentando se conhecer, tenho a sensação, impressão, ilusão de que nos compreendemos, agora só preciso estender o braço e com a ponta dos meus dedos tocar você, natural que seja assim: O toque, depois da compreensão que conseguimos, e agora.

Não diz nada, você não diz nada. Apenas olha pra mim, sorri. Quanto tempo dura? Faz pouco despencou uma estrela e fizemos, ao mesmo tempo e em silêncio, um pedido, dois pedidos. Pedi pra saber tocá-lo. Você não me conta seus desejos. Sorri com os olhos, com a mesma boca que mais tarde, um dia, depois daqui, poderá dizer: Não. Há uma espécie de heroísmo então quando estendo o braço, alongo as mãos, abro os dedos e brota. Toco. Perto da minha boca se entreabre lenta, úmida, cigarro, chiclete, conhaque, vermelho, os dentes se chocam, leve ruído, as línguas se misturam. Naufrago em tua boca, esqueço, mastigo tua saliva, afundo. Escuridão e umidade, calor rijo do teu corpo contra a minha coxa, calor rijo do meu corpo contra a tua coxa. Amanhã não sei, não sabemos.

Pensei em você. Eram exatamente três da tarde quando pensei em você. Sei porque perdi a cabeça como se você fosse uma tontura dentro dela e olhei o digital no meio da avenida.

Corre, corre. O número do telefone dissolvendo-se em tinta na palma da mão suada. Ah, no fim destes dias crispados de início de primavera, entre os engarrafamentos de trânsito, as pessoa enlouquecidas e a paranóia à solta pela cidade, no fim desses dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa, e passa a mão na minha cara marcada, no que resta de cabelos na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu olho. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços, você cobre com a boca meus ouvidos entupidos de buzinas, versos interrompidos, escapamentos abertos, tilintar de telefones, máquinas de escrever, ruídos eletrônicos, britadeiras de concreto, e você me beija e você me aperta, e você me leva para Creta Mikonos, Rodes, Patmos, Delos, e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem. O telefone toca três vezes. Isto é uma gravação deixe seu nome e telefone depois do bip que eu ligo assim que puder, ok?

O cheiro do teu corpo persiste no meu durante dias. Não tomo banho. Guardo, preservo, cheiro o cheiro do teu cheiro grudado no meu. E basta fechar os olhos pra naufragar outra vez e cada vez mais fundo na tua boca. Abismos marinhos, sargaços. Minhas mãos escorrem pelo teu peito, gramados batidos de Sol, poços claros. Alguma coisa então pára, as coisas param. Os automóveis nas ruas, os relógios nas paredes, as pessoas nas casas, as estrelas que não conseguimos ver aqui no fundo da cidade escura. Olho no poço do teu olho escuro, meia noite em ponto. Quero fazer um feitiço pra que nada mais volte a andar. Quero ficar assim, no parado. Sei com medo que o que trouxe você aqui foi esse me jeito de ir vivendo como quem pula poças de lama, sem cair nelas, mas sei que agora esse jeito se despedaça. Torre fulminada, o inabalável vacila quando começa a brotar de mim isso que não esta completo sem o outro. Você assopra na minha testa. Sou só poeira, me espalho em grãos invisíveis pelos quatro cantos do quarto.

(...) Fico tosco e você se assusta com minha boca faminta voraz desdentada de moleque mendigo pedindo esmola neste cruzamento aonde viemos dar. (...)'




Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Hold me and love me

Essa noite uma única estrela brilha no céu, espero que seja Vênus, brilha como nunca brilhou diante do céu nublado e o ar com cheiro de terra mofada, poeira terrena. Não mais pensarei nos distúrbios horrendos que venho admitindo nesse cálice de vida, seco e que me deixa pensar que numa noite celebre o melhor a fazer é chamar aquele seu 'amigo' que voltou de viagem, ou melhor, implorar para aquele amigo seu que voltou do trabalho para saírem juntos 'curtir' a noite com um destilado em cada copo de um bar e transarem na relva ao amanhecer. Mas ele não quer você, as vezes só tem admiração, tesão mundano, e não quer saber de mais nada, e os beijos que você ganha dele são os melhores que você já sentiu em toda a sua vida clandestina, passando de namorados em namorados que no fim acabavam te despedaçando o coração.
Nessa noite de uma única estrela ouço os carros passando em frente a minha casa, espero um ruido sequer de afeição para mim, enfim, encontrar o rosto do cara lá fora, na janela do carro com os ruidos estridentes e arriscar um verso como:
'I wanna kiss you
But if I do then I might miss you, babe'
Mas no fim tenho ainda mais medo de passar a ser mais uma aventura clandestina, dessas que ficam na memória e você pensa em todo sábado solitário e nublado na sua casa ouvindo canções que te lembram ainda mais tudo que aconteceu.
Tudo bem, eu vou deixar de lado esse pessimismo bobo e perguntar, ou seja, me abduzir de tudo e tentar ter uma grande história, sem encontros inventados ou vontades deixadas de lado na última hora, nem sumir de vez. E é bom repetir sempre:

'I wanna kiss you
But if I do then I might miss you, babe...'

30

Ele tinha trinta anos, talvez a idade de ser feliz, ter filhos, sair com a mulher ou transar longamente com qualquer um em uma sexta-feira a noite. Mas não, trinta anos é sua idade existencial, pesa o sexo, a presença, os encontros, pesa agora do que foi feito e o do que será daqui em diante.
Pronto, fica triste, seu álibi não esta quando precisa, está distante e ousa em ligar e convidar para tomar um bom vinho e depois cama. Claro, transar longamente com qualquer em uma sexta-feira a noite. E não, sequer imaginar em ter filhos, mas quem sabe, podia adotar um.
Decidir-se, como disse a algumas frases atrás, chamar os amigos em casa para uma festa sem sexo, apenas uma festa. Trinta anos pesa, o telefone toca e as vezes desespera de uma forma tão banal por coisas banais.
Ele chega do trabalho cansado, não está com vontade nenhuma de fazer algo, cadê todo mundo? Cadê sua mãe aos trinta anos pra te trazer o jantar ou seu pai pra discutir futebol? São trinta anos.
Será que passa dos cinquenta? E então começam os cosméticos, os esportes inválidos e a vontade de ser um jovem baladeiro.
E se precipita demais, poderia ter trocado os trinta por quarenta e cinco, mas os trinta o fascinam.

E que mais pode fazer é esperar o tempo passar...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Comer, Rezar, Amar - Elizabeth Gilbert.

O vício é a marca de toda história de amor baseada na obsessão. Tudo começa quando o objeto de sua adoração lhe dá uma dose generosa, alucinante de algo que você nunca ousou admitir que queria - um explosivo coquetel emocional, talvez, feito de amor estrondoso e louca excitação. Logo você começa a precisar dessa atenção intensa com a obsessão faminta de qualquer viciado. Quando a droga é retirada, você imediatamente adoece, louco e em crise de abstinência (sem falar no ressentimento para com o traficante que incentivou você a adquirir seu vício, mas que agora se recusa a descolar o bagulho bom - apesar de você saber que ele tem algum escondido em algum lugar, caramba, porque ele antes lhe dava de graça). O estágio seguinte é você esquelética e tremendo em um canto, sabendo apenas que venderia sua alma ou roubaria seus vizinhos só para ter aquela coisa mais uma vez que fosse.

Enquanto isso, o objeto da sua adoração agora sente repulsa por você. Ele olha para você como se você fosse alguém que ele nunca viu antes, muito menos alguém que um dia amou com grande paixão. A ironia é que você não pode culpá-lo. Quero dizer, olhe bem para você. Você está um caco, irreconhecível até mesmo aos seus próprios olhos. Então é isso. Você agora chegou ao ponto final da obsessão amorosa – a completa e implacável desvalorização de si mesma.

O fato de eu ser capaz de escrever calmamente sobre isso hoje é uma grande prova dos poderes de cura do tempo, porque não encarei os fatos muito bem quando estavam acontecendo mas tudo se supera.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Insatisfeitos 17/11


Um dia eu pensei como as coisas fluiriam, não só um dia, mas meses e talvez isso se configure em anos da minha existência frágil e ágil. Eu pensava em como tudo poderia acontecer com um excesso incansável de probabilidades e detalhes sórdidos. Nunca pensei em como morreria, mas pensei sempre com o que viveria e como seria cada encontro são da minha vida, e as loucuras foram muitas. Tantas, que das quais eu fiz muito para provar o que estava em mim, mas soube depois que no fundo elas pouco valiam.
Existe pouco de sanidade quando se ama alguém, você não pensa muito pra onde vai, apenas sonha, mas sonhar é bom, o ruim é saber que as ilusões são por fim ilusões. Matar ou morrer.
Um dia de tensão, entre o que eu sinto e o que eu estou disposto a fazer, parece fácil, mas não o é quando não mais está disposto a viver, esse é o certo.
As extremidades estão famintas já, não era hora de dizer, mas é necessário deixar bem claro antes que as coisas se explodão na escuridão sem ao menos serem explicadas de uma forma mais plausível.
Sei, mas é difícil, eu quero coisas que estão muito longes de mim, mas não impossíveis.
É esse tanto que perto de mim sinto nada. Eu sinto a sincronia dos pulsos, mas não dos corações, pode haver a mesma matéria que inaudita as veias, mas deveras não ser a mesma alma que rege os corpos
Sempre fui uma das pessoas mais seguras no que eu fazia, mas hoje essa segurança me falta, parece que como uma prega vocal que eu sinto vontade gritar e não posso, ela me falta.
Nossa. Como é uma dor indefinida e gostosa ao mesmo eixo, amar é esse extremo, não é estar em um lugar apenas, mas em dois, três, quatro, infinitos lugares ao mesmo tempo. Insegurança, amor, indefeso, tristonho, alegre , sorridente, calmo, sereno, explosivo.
Risadas sem graça ou com toda a vontade do mundo.


Sequências de inseguranças seguras, um paradoxo (in)perfeito de tudo que existe.

Mentiras 17/11

Não havia mais milagres, por onde andei nasceram ervas daninhas que tamparam todo o caminho de volta pra casa. Não quis colocar migalhas, pois apodreceriam no caminho e não existiam pássaros para comê-las mais tarde.
As únicas coisas reais que aconteceram nesse pressagio de tentação foi o amor, único e puro, que eu ainda sinto aos poucos quando o vento toca meus lábios, meu cabelo e meu corpo. Meus sonhos são ainda piores, há aquela dúvida de volta, aquele frio na barriga que te remói por dentro, e gritos de esperança forçada.
Nos sonhos esse amor vem junto com um beijo, depois sexo, e amor novamente, totalmente sério. É que eu já não tenho pra quem dizer essas coisas ou esses ventos incertos dentro de mim, a única que supostamente me resta é um coração todo indefinido de paixões conturbadas e pudor. Mas o que ainda me vem a mente quase todos os dias é a tentação, sim, chega a ser tentação de sentir, algum dia, o seu possível amor.
Retroceder não me trataria tudo de volta, melhor que nada acontecesse, jamais.

Estou oco por dentro, sem muito o quê escrever e sem histórias fantásticas pra amadurecer dentro de mim, por vezes suspeito que estou perdendo, cada vez mais, aquilo que me sustenta. Caótico. Bloqueado.
Romance ruim.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Ilusão

De repente o telefone tocou, ele procurou desesperadamente o aparelho dentro dos bolsos até encontrar, com as mãos tremulas atendeu e com a voz embargada arriscou um 'Alô?', logo sua face corou, subiu sete tons e caiu os outros sete, olhou para um lado e para o outro, mas não viu nada. Algo o agarrou por trás, ele deixou o telefone cair e se espatifar em mil pedaços coloridos no chão que cintilava junto as vitrines. Não houve reação, ele esperava por esse abraço, procurava esse abraço, compraria outro telefone, mas não poderia comprar um abraço, nada comparava-se com aquilo que iria sentir.
As pessoas sentadas às mesas comiam assistindo aquilo tudo, algumas fascinadas, outras horrorizadas e outras satisfeitas. Mas nada podia abalar aquele íntimo, aquele gosto de terra molhada, a nostalgia de meses atrás, enfim, seu momento feliz.
Olhou para trás e viu, abriu bem os olhos para enxergar ainda mais e algo molhado rolou deles. Parece que ficaram horas ali, um olhando para a cara do outro, tão pertos, mas pareciam tão distantes, parados observando cada traço, cada lágrima que insistia em cair.
E por fim o sorriso, a poesia que retorce os lábios e mostra os dentes. A boca que salta em harmonia para consentir algo.

Não havia mais desespero, seu coração foi devagar, se repousaram um nos braços do outro e mais uma vez foram felizes ali mesmo, com alguns olhando sorrindo, outros horrorizados, entre mil pedaços brilhantes, vitrines e um chão que sustentava todo aquele peso que era amar.




Alessandro Ribeiro.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Presságio

De ver o que vem ou o que está por vir e ainda veio.

Não mais quero que fique triste ao ouvir as músicas que eu ouvia e que a gente sempre brigava pelo volume alto do rádio. Que os dias passem, mas passem e não reste nenhuma dor da qual faça ferir ainda mais. Sou grato, e fui ingrato por tanto que eu não fiz.
Presságio, é esse o nome, de algo um tanto estranho de estar próximo a acontecer.
Que as mesmas músicas façam sorrir, rir, dar gargalhadas das boas lembranças. E que tudo se resuma a amor, a uma coisa não vaga, sou eterno, aprendi isso com o tempo.
Nada mais.
Eu te amo mãe.
Eu voltarei.